Vai um trechinho de um artigo do Renato Mezan, psicólogo, que julgo ter tudo a ver com o momento que todos nós vivemos: ( Vale a pena ler)
" A natureza da experiência contemporânea ajuda a entender por que elas são tão freqüentes: o indivíduo tende a sentir-se confuso diante da velocidade com que seu mundo se modifica, que torna nebulosa sua própria inserção nelee faz evaporar todas as certezas. A vivência da perda associa-se assim à proliferação de apelos ao consumo e ao sucesso, às imagens inatingíveis de corpor belos,jovens e magros, de indivíduos felizes porque usufruem em abundância e sem demora aquilo que almejam- do carro do ano ao brinquedo da moda, do molho de tomate à roupa de grife.Pressionado pelas exigências de desempenho em todas as áreas da vida, o sujeito se vê às voltas com suas limitações e com a impossibilidade de corresponder aos modelos identificatórios com que lhe acena a mídia, de onde a difusa sensação de impotência e o recurso a tentativas muitas vezes desesperadas para 'ser como se deve'.
Diante dessa situação o que fazer? O recurso a meios ilusórios para negá-l mostra-se cada vez menos eficaz - embora o leque desses meios não cesse de ampliar-se, dos manuais de auto-ajuda às crenças semidelirantes, do uso de drogas à busca de terapias mágicas e indolores. Mas, se a psicanálise nos ensinou alguma coisa, é que somente no esforço crítico para compreender as circunstâncias de nosso presente e no cultivo de relações afetivas intensas e satisfatórias podemos encontrar forças para o trabalho de invenção de nós mesmos: pois é este que se faz necessário para superar, embora precariamente, a alienação e o vazio. Não é uma solução fácil: mas ainda é a que nos pode permitir vislumbrar a luz no fim do túnel".
( Renato Mezan)
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