Menino pobre, nascido em Marajó, interior do Sergipe, Vitinho sempre passou por maus bocados. Seu pai, conhecido nas redondezas como Jumentão, por motivos desconhecidos, morreu de cirrose logo que Vitinho nasceu. Sua mãe, fez de tudo para que Vitinho tivesse uma vida digna, mas em Marajó, a unica profissão para mães solteiras era de puta, e Jurema logo sucumbiu a Aids, deixando Vitinho nas mãos do mundo...
Vitinho não aguentava sua vida no orfanato e aos 11 anos fugiu, na tentativa de deixar pra trás seu passado de miséria e angústia. Ganhava a vida catando objetos de papelão e aluminio, mas não gastava um centavo siquer com comida. Passava as tardes de bar em bar, na compania daqueles que tinham idade para ser seus pais ou avós. Dono de um assobio fabuloso, logo ficou conhecido como Curió, e ainda ganhava alguns centavos com esse seu talento inusitado.
Curió roubou, matou, fez de tudo em sua juventude, nada podia separá-lo da vida facil, da vida de ilusão... Foi preso, e quando saiu da prisão, mais louco ainda, montou um Bordel... no Staff haviam putas, travestis, e até ele mesmo entrava no jogo, tudo pelo dinheiro, tudo pelas drogas.... Certo dia um sujeito bate na porta de seu puteiro e Iza, uma das prostituitas, se aproxima de curió dizendo se tratar de um policial...Curió assustado, tenta se lembrar se não havia esquecido de pagar a propina da semana, mas não se recorda, certamente pelo efeito do alcool. Se aproxima da porta, e olha atentamente para o policial, e como mágica o policial olha atentamente para Curió também...
Boa tarde, diz o policial, vim receber a propina dessa semana. Curió se aproxima, agora com um olhar diferente, puxa a arma da cintura e aponta para o policial:
- Foi você né... foi você que me enrabou naquela cela da cadeia!
-Agora eu me recordo, bem que eu te reconheci, fui eu sim, e te enrabo de novo se for preciso.
- Então entra, vamos tomar um café.
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